24 de maio de 2005

3 MULHERES

Três mulheres que acreditavam...



Olga Benário acreditou no AMOR
Frida Kahlo acreditou na VIDA
Virgínia Woolf acreditou nos seus PENSAMENTOS

Mulheres sinceras consigo mesmas, capazes de movimentar as suas vidas a partir das suas angústias pessoais, sem respostas e sem um fio condutor. Jorros de pensamentos, de criatividade, de atos corajosos e determinados, de idealismos. Movidas por sua essência, suas verdades.

Mulheres ?intrusas? num tempo de homens. Mas que deixaram marcas essencialmente femininas. Olga, Frida, Virgínia, mantiveram-se inteiras até o fim! Souberam viver e morrer.

Acreditaram em si mesmas, no que pensavam, no que sentiam. Não podemos fugir do que somos, nem do que pensamos. Podemos sim, fugir daquilo que os outros desejam que sejamos, ou pensemos.

A força do ser humano vem do ACREDITAR (creditum= confiança) e da segurança que isso traz. Três mulheres que, entre tantas outras, acreditaram em si mesmas.

FRIDA acreditou na vida, tanto, tanto, que expressou, através da arte, a sua própria realidade: sua imagem, suas dores, suas cores, medos, seu corpo de mulher, destroçado. Não se comoveu com a auto-piedade.

OLGA acreditou no sentimento que leva o ser humano à plenitude: o amor. E por ele, e através dele, enfrentou corajosamente as atrocidades da guerra, e não permitiu que ele fosse destruído.

VIRGINIA acreditou na Alma, na SUA Alma, nas sutilezas e detalhes. Observou tantos desencontros entre as suas verdades e as verdades proferidas pelas pessoas que queriam decidir por ela!

UM BREVE 'RETRATO' DESSAS MULHERES

FRIDA



"Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Frida Kahlo gostava de declarar-se filha da revolução e dizer que havia nascido em 1910. Teve uma vida marcada por grandes tragédias; aos seis anos contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Após superar os limites da doença, sofreu um acidente de ônibus que chocou-se contra um bonde. O episodio lhe rendeu múltiplas fraturas, além de uma barra de ferro que atravessou sua bacia, saindo pela vagina. Foi submetida a várias cirurgias e passou grande parte de sua vida presa em uma cama.

No período de convalescença, começou a pintar quando sua mãe pendurou um espelho pendurado em cima de sua cama. Daí o fato da obra de Frida ser marcada por auto-retratos.

OLGA



"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue". (Trecho da carta de despedida, escrita por Olga)Judia alemã, Olga Benario (1908-1942) foi militante comunista na antiga União Soviética. Por conta de sua luta politica, passou por esposa do líder revolucionário Luiz Carlos Prestes e viajou por vários países ao seu lado. Nessas viagens o casal utilizou passaportes e nomes falsos (Maria Bergner Vilar e Antonio Vilar). O casamento que começou como um artifício político acabou se transformando em realidade. Aos 27 anos Olga apaixonou-se por Prestes. Quando estava grávida o governo de Getúlio Vargas deportou Olga para a Alemanha, deixando-a a mercê dos nazistas. Assim, deu a luz à sua filha Anita num campo de concentração. Logo após seu nascimento, Anita foi enviada de volta ao Brasil, para ser criada pela avó paterna. Olga morreu com apenas 33 anos, numa câmara de gás.

VIRGINIA



Romancista e crítica literária, Virginia Woolf (1882-1941) nasceu em Londres e seu nome de batismo era Adeline Virginia Stephen. Aos 22 anos iniciou sua carreira escrevendo resenhas e ensaios para o jornal The Guardian.

Por conta do puritanismo da época, foi sempre muito protegida pelo pai, e não chegou a freqüentar a escola. Já na juventude, teve uma vida libertária, graças às transformações sociais da época.

Em 1912 casou-se com o escritor socialista Leonard Woolf, com quem montaria anos depois uma gráfica que se transformaria na editora Hogarth Press, responsável pela publicação de seus próprios livros, além de títulos de T.S.Eliot, E.M. Forster, Katherine Mansfield e as primeiras obras traduzidas de Freud por James Strachey (irmão de Lytton Strachey).

Embora tenha crescido em uma família que estimulou seus talentos literários, na infância foi vitima de abuso sexual por parte dos seus meio-irmãos mais velhos. Sua vida foi marcada pela perda de pessoas queridas (a mãe morreu quando ela tinha 13 anos), pelo horror de vivenciar suas guerras mundiais, entre outros conflitos, enfrentou serias crises de depressão, loucura e tentativas de suicídio. Chegou a ser internada em um hospício para ?mulheres loucas?, que passavam por absoluto isolamento. Nessa época enfrentou ainda a proibição de participar de qualquer atividade, inclusive a leitura e a escrita.

Dona de uma personalidade forte e um estilo de vida arrojado demais ara a época, sempre foi alvo de especulações sensacionalistas. Contestadora, remava na contra-mão dos rígidos padrões de comportamento moral e sexual da época. Nunca chegou a assumir publicamente sua sexualidade, sempre representou uma figura polemica e contestadora.

Reconhecida como uma das modernistas inglesas mais importantes. Escreveu 9 romances e uma infinidade de críticas, cartas, diários e biografias. Além disso, comandava palestras, dava aulas e atuava como uma dedicada feminista. Entre seus romances de maior destaque estão "Mrs. Dalloway" e "Orlando", onde retratou o amor entre mulheres com uma linguagem, sensibilidade e coragem inéditas na literatura.

Suicidou-se aos 59 anos, afogando-se no rio Ouse, localizado no Condado de Sussex, na Inglaterra, onde vivia.

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